sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Por que somos Juventude 5 de Julho?

Nossa juventude possui esse nome para homenagear e lembrar três fatos históricos ocorridos em 05 de julho. São eles o Levante dos 18 do forte de Copacabana, em 05 de julho de 1922; O Levante Paulista de 05 de julho de 1924 e o Manifesto da ANL de Prestes, lançado em 05 de julho de 1935, chamando o povo brasileiro para a Revolução.


No início dos anos 1920 o cenário político brasileiro estava efervescente, as oligarquias estavam brigando entre si. Havia a política do “café com leite”, as oligarquias paulista (café) e mineira (leite) revezavam a cadeira de presidente, uma vez um comandava ora outro entrava. O país ainda era totalmente agrário comandado pelas oligarquias já citadas. Nesse contexto a população estava totalmente à míngua sem apoio governamental, ao contrário, movimento social era caso de polícia – não mudou muito até hoje nesse aspecto. Lembrando também que o ano de 1922 foi à fundação do PCB (Partido Comunista do Brasil, nasceu com esse nome depois passou para Partido Comunista Brasileiro), o movimento operário brasileiro começava formar-se, greves e lutas estavam estourando a cada ano, era um processo embrionário, no entanto bem forte, além de acontecer à semana de Arte Moderna paulista, dando um novo aspecto na arte nacional além de influenciar em um novo modo de pensar a sociedade, levando consigo pensamentos de esquerda e direita.

Essa foi apenas uma contextualização do que estava acontecendo naquele momento, o importante para nós é a data de 05 de julho de 1922, que foi o Levante de jovens oficiais do exército, esse movimento era formado principalmente por tenentes, por isso ficou conhecido como Tenentismo. O descontentamento com a política federal e os jogos oligárquicos, além de intrigas com o alto escalão do exército e presidência, intensificou as rixas entre esses personagens, desse modo, ocorreu um levante no Forte de Copacabana, Rio de Janeiro, contra o então presidente Artur Bernardes. O levante foi logo contido, alguns setores militares não aderiram assim às tropas legalistas do governo toma o Forte, dezoito pessoas saem em marcha pela orla da praia de Copacabana, eram 17 oficiais e um civil, os legalistas então fuzilaram os 18 restando apenas dois vivos, Siqueira Campos e Eduardo Gomes.

Esse não foi o fim das revoltas dos tenentes ao contrário foi apenas o começo, agora chegamos à nossa segunda data histórica 05 de julho de 1924, o Levante Paulista conhecida como a “Revolução Esquecida”, pouco se fala ou não se estuda nas escolas, o motivo é que essa revolta era orquestrada pelo baixo escalão do exército lutando por reformas políticas, econômicas e sociais, lutavam contra a oligarquia paulista que dominava o cenário político. A liderança do movimento paulista foi Isidoro Lopes, os revoltosos lutavam contra o presidente Artur Bernardes e tentavam tirar do governo o presidente do estado Carlos de Campos[1], assumiria o vice-presidente Coronel Fernando Prestes[2].

A cidade de São Paulo ficou totalmente sitiada, os bombardeiros das tropas do governo obrigaram os tenentistas a recuarem para o interior do estado em direção a Mato Grosso do Sul e outra parcela para o Paraná.

Chegando ao norte do Paraná os paulistas encontram-se com outra coluna que vinha vitoriosa do sul do país, liderada pelo coronel Luiz Carlos Prestes, as duas colunas unem-se e começa a maior epopéia guerrilheira brasileira, é o início da Coluna Prestes. A coluna andou por todo o país de norte a sul, lutam contra os legalistas buscando transformar o Brasil de alguma forma, ainda não tinham plano certo, a estratégia era derrubar o presidente Washington Luís. Ao caminhar por todo o país Prestes percebeu que a luta era maior, que derrubar o presidente de nada adiantaria era necessário uma mudança social.

Sem perder nenhuma batalha a Coluna caminhou por 25.000 km pelo Brasil durante os anos de 1925 e 1927, quando devido às baixas de homens e armamentos, vendo que não dava para suportar por muito tempo resolvem bater em retirada para a Bolívia.

Chegando à Bolívia Prestes é orientado ir para Argentina, chegando lá toma contato com o que seria o maior ideal de sua vida, encontrou o marxismo, encontrou como ele mesmo diz as respostas para os anseios encontrados durante a Coluna. Em Buenos Aires, Prestes é procurado por comunistas brasileiros e argentinos, aproxima-se da ideologia marxista-leninista, logo é enviado para URSS, por ordens da Internacional Comunista o PCB coloca em seus quadros o camarada Prestes. Na URSS, estuda e aprimora seus conhecimentos sobre o marxismo, tem treinamento bolchevique, e rapidamente é um grande quadro, principalmente pelo seu passado de luta.

No Brasil, ocorre o racha entre as oligarquias, a política “café com leite” entra em declínio, São Paulo quebrava o trato com Minas Gerais e buscava eleger o sucessor de Washington Luís, Júlio Prestes era o candidato, no entanto, pelo trato dos oligarcas o próximo deveria ser mineiro. Havia essa luta interna, o descontentamento de vários anos contra as oligarquias, além do cenário econômico internacional estava agravado devido à queda da bolsa de Nova York (crise de 1929), foi nesse contexto, que outros poderosos antes esquecidos uniram-se para tomar o poder, deu-se assim o golpe de estado de Getúlio Vargas em 1930. Vargas inicia o período nacional-estatista, industrializa o Brasil, com seu jogo de interesses tenta apaziguar a luta de classes que estava intensificada no momento, o proletário já mais organizado e pronto para luta, obriga o governo a fazer concessões. Surgi os primeiros direitos trabalhistas, que para a historiografia burguesa coloca como ajuda de Vargas aos trabalhadores, o coloca como sendo o “pai dos pobres”, porém foi “mãe dos ricos”, momento que a burguesia consegue se firmar e lucra muito mais sobre o proletário.

O PCB já estava estruturado ligado diretamente com a Internacional Comunista elaboravam como iria ser a Revolução no Brasil. Prestes passava por treinamentos na URSS e mostrava como seria o líder indicado para tal tarefa. No Brasil, foi fundada uma frente ampla de luta nacionalista contra o imperialismo e antifascista, era formada por vários seguimentos da esquerda até setores progressistas da igreja, nasce em março de 1935, tendo como presidente de honra Luiz Carlos Prestes.
Em 05 de julho de 1935, em um ato organizado pela ANL é lançado seu Manifesto, escrito por Prestes chamando toda a população a organização, lutar contra o governo de Vargas, contra o imperialismo e o fascismo que surgia no Brasil. Prestes tem a tarefa de voltar para o Brasil, conjuntamente de Olga Benário, para fazer no Brasil a Revolução Comunista. Ocorre então em novembro de 1935 os levantes revolucionários que infelizmente logo são abafados pelo governo, os revolucionários são perseguidos e presos.

Mesmo com toda a repressão a luta continua, assim devemos lembrar os camaradas históricos que lutavam por um mundo justo, igualitário e socialista. Relembrar essas datas é não deixar cair no esquecimento o fruto da luta do trabalhador que busca a liberdade, temos de avançar contra a formação da memória burguesia que ataca a história dos trabalhadores e de sua luta. Devido a isso é nosso dever como revolucionários questionar e colocar em destaca as lutas históricas.
Sempre Avante!!!
Viva o 05 de Julho!!! Viva J5J!!!
Viva a História dos Trabalhadores!!!


Referências bibliográficas:

BVILLA, P. I. Reacender a chama. Teses sobre a Revolução Brasileira. Rio de Janeiro: Inverta.
CARONE, Edgard. República nova: 1930-1937. São Paulo: Difel, 1982.
COHEN, Ilka Stern, Bombas sobre São Paulo, A Revolução de 1924. São Paulo: Ed. Unesp, 2007.
FAUSTO, Boris.(org.) História Geral da Civilização Brasileira. O Brasil Republicano. Rio de Janeiro: Difel, 1978.
FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (org.). O Brasil republicano. Volume 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
PINHEIRO, Paulo Sérgio. Estratégias da ilusão. A revolução mundial e o Brasil. 1922-1935. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.
PRESTES, Anita Leocádia. Luiz Carlos Prestes e a Aliança Nacional Libertadora: os caminhos da luta antifascista no Brasil (1934/35). Petrópolis: Vozes, 1997.
SANTA ROSA, Virginio. O que foi o tenentismo?. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1963.
SODRÉ, Nelson Werneck. Do Tenentismo ao Estado Novo: memórias de um soldado. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.
VIANNA, Marly de Almeida Gomes. “A ANL (Aliança Nacional Libertadora)” In.: MAZZEO, Antonio Carlos. (org.) Corações vermelhos: os comunistas brasileiros no século XX.
http://www.arquivoestado.sp.gov.br/exposicao_revolucao/link_fontes.php
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[1] Nessa época o cargo que hoje é de governador do estado tinha o título de presidente do estado.
[2] Cel. Prestes não tem nenhum parentesco com Luiz Carlos Prestes, mesmo possuindo o nome

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